A Colecção de Desenho Antigo da FBAUL é constituída por mais de um milhar de obras, datadas entre 1830 e 1935, cuja origem coincide com a criação da Academia das Belas-Artes de Lisboa, fundada por decreto de 25 de Outubro de 1836.
Os desenhos procedem da Aula Pública de Desenho, da Antiga Academia e Escola de Belas-Artes de Lisboa e das academias e ateliers de Paris e Roma. A Colecção é composta por provas de concurso e exames das diferentes aulas de Desenho (desenho de arquitectura, desenho de estampa, desenho de ornato e objectos industriais, desenho anatómico e desenho do nu), provas de admissão ao professorado, desenhos de pensionistas, desenhos para um compêndio de arquitectura da autoria de José da Costa Sequeira e três projectos para um monumento em memória do Duque Bragança (D. Pedro IV).
Foram guardados os trabalhos reconhecidos como exemplos de mérito, provavelmente para serem utilizados como modelos de estudo nas aulas, sendo por isso uma fonte esclarecedora para entender o tipo de desenho que era praticado e valorizado nas instituições de ensino representadas na Colecção.
Atravessando quase um século, o corpus de desenhos desta Colecção compreende obras de autores de referência da Arte Portuguesa e de artistas do sexo feminino da primeira metade de Oitocentos e inícios do século XX.
Os desenhos de Tomás da Anunciação, João Cristino da Silva, Miguel Ângelo Lupi e Vítor Bastos, prenunciam o desempenho artístico daqueles que viriam a formar o romantismo em Portugal. As obras de José Simões de Almeida (tio), António Soares
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dos Reis, Veloso Salgado e Adriano de Sousa Lopes testemunham o rigor do academismo dos ateliers de Paris e Roma, frequentados por estes artistas em formação no estrangeiro. A primeira geração naturalista é representada pelas obras de António Ramalho, José Malhoa, e sobretudo Columbano Bordalo Pinheiro – futuro mestre da Academia. Os desenhos de Maria Emília Arroja, Clotilde Azevedo e Adelina Berta de Oliveira, representam a prestação académica da classe discente feminina, que viu legitimada a sua entrada oficialmente na Escola de Belas-Artes de Lisboa somente na década de 80 do século XIX. Os desenhos dos dois últimos mestres da Colecção, Leopoldo de Almeida e Francisco Franco, representantes do academismo e modernismo, respectivamente, colocam frente a frente dois dos maiores escultores da época, no concurso para professor da cadeira de Desenho em 1934.
Na década de 70 do século XX, os professores e escultores, Joaquim Correia, Lagoa Henrique e Carlos Amado fizeram uma tentativa de organização de uma parcela desta Colecção, que em 1975 deu origem a uma exposição na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Nos anos 80 fez-se um inventário de uma parte desta Colecção, pelos alunos de Museologia do Prof. Carlos Amado. Em 1999 a Colecção começou a ser tratada, embora sem uma perspectiva museológica. Em 2002, sob a coordenação da Prof.ª Doutora Luísa Arruda procedeu-se à criação de uma Reserva de Desenho para acomodação das obras e desenvolver a componente de investigação.
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